ATA DA CENTÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA
QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 18.09.1992.
Aos dezoito dias do mês
de setembro do ano de mil novecentos e noventa e dois reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Centésima Oitava Sessão Ordinária da Quarta Sessão Legislativa Ordinária da
Décima Legislatura. Às nove horas e quinze minutos foi realizada a segunda
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella,
Clóvis Brum, Clóvis Ilgenfritz, Cyro Martini, Dilamar Machado, Ervino Besson,
Isaac Ainhorn, João Dib, João Verle, José Alvarenga, José Valdir, Lauro
Hagemann, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Omar Ferri, Vicente Dutra,
Vieira da Cunha e Martim Aranha Filho. Constatada a existência de “quorum”, o
Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem
distribuídas em avulsos cópias das Atas da Centésima Sétima Sessão Ordinária e
Trigésima Oitava Sessão Solene, as quais foram aprovadas. Do EXPEDIENTE
constaram: Ofícios nºs 459 e 460/92 do Senhor Prefeito Municipal; Circular S/N,
da Câmara Municipal de Santa Maria do Herval; Circular nº 330/92, da Câmara
Municipal de Ribeirão Preto e Oficio nº 1967/92, desta Casa, enviado ao Senhor
Prefeito Municipal. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Artur Zanella, 01
Pedido de Providências e 02 Indicações nºs 109 e 110/92 (Processos nºs 1995 e
1996/92); pelo Vereador Jaques Machado, 01 Pedido de Providências; pelo
Vereador João Dib, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 161/92 (Processo nº
2007/92); pelo Vereador Leão de Medeiros, 01 Indicação nº 111/92 (Processo nº
2009/92) e pelo Vereador Nereu D’Ávila, 02 Pedidos de
Providências. Em PAUTA - Discussão Preliminar estiveram: em 2ª Sessão, o Projeto
de Lei do Legislativo nº 152/92 e em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do
Legislativo nºs 128, 135, 151 e 153/92 e os Projetos de Lei do Executivo nºs 41
e 53/92. Na ocasião, foram apregoados os seguintes Requerimentos solicitando
renovação de votação: do Vereador Antonio Hohlfeldt, com relação ao Projeto de
Lei do Legislativo nº 87/92 (Processo nº 1116/92) e do Vereador Vicente Dutra,
com relação ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 58/91 (Processo
nº 3101/91). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib afirmou que a Prefeitura Municipal não presta
contas a este Legislativo pois enviou apenas três balancetes dos oito que deveria ter enviado este ano. Falou, ainda, que o Prefeito não
paga o reajuste dos municipários e que estaria usando essa verba para fazer
política. Propugnou à Comissão de Finanças e Orçamento deste Legislativo que
exija do Executivo Municipal os balancetes que faltam para que possam ser
analisados. O Vereador Omar Ferri reportou-se sobre publicação que
mostra três políticos brasileiros enjaulados e também sobre artigo escrito pelo
Governador do Rio de Janeiro dirigido ao Presidente do PT, afirmando que o
maior corrupto do País é o Presidente da Rede Globo, o qual apóia a candidatura
do PT no Rio de Janeiro. O Vereador Luiz Braz reportou-se
sobre Pedido de Providências de sua autoria solicitando a instalação de
albergue para mulheres vítimas da violência em local adequado e não no Centro
Comunitário do Bairro Ipiranga, o qual serve para o lazer da comunidade. Afirmou
que é necessário proteger a mulher vítima de violência sem, todavia, retirar o
local de lazer daquela comunidade. O Vereador José Valdir afirmou que o local
onde se pretende instalar o albergue para mulheres vítimas de violência
pertence à FESC e fica ao lado do CECOBI, não prejudicando, portanto, as
atividades daquele Centro Comunitário. Criticou atitude de militantes do PDT
que estragam as divulgações de outros partidos, reportando-se
ao pronunciamento do Vereador Omar Ferri. O Vereador Clóvis Brum discorreu sobre Pedido
de Providências solicitando a instalação de albergue para
mulheres vítimas da violência em local tecnicamente adequado, sugerindo a
instalação do mesmo ao lado do albergue já existente no Bairro Bom Jesus. Afirmou que o CECOBI é uma instituição social e educacional, sendo impossível a instalação de albergue para mulheres naquele
local. Na ocasião, o Senhor Presidente respondeu Questões de Ordem do Vereador
Omar Ferri acerca da constituição de Comissão Especial para estudo da instalação
de albergue para mulheres vítimas da violência dentro de um Centro Comunitário
e também sobre o envio, pelo Executivo Municipal de balancetes e
demonstrativos de fluxo de caixa de órgãos da Administração Direta e Indireta.
Às dez horas e três minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária de segunda-feira, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Dilamar Machado e Clóvis
Ilgenfritz e secretariados pelo Vereador Clóvis Ilgenfritz. Do que eu, Clóvis
Ilgenfritz, 3º Secretário, determinei se lavrasse a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor
Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Dilamar Machado): Estão abertos os
trabalhos.
Para uma Comunicação de Liderança, com a palavra o Ver. João
Dib, pelo PDS.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ontem, na Sessão Solene realizada em razão da Semana Farroupilha, o
Ver. Wilson Santos lia uma poesia do consagrado poeta Lauro Rodrigues, onde ele
falava na “canalha”, e não chamou ninguém de “canalha”. Eu quando falava em
“canalha”, também não chamei ninguém de “canalha”, mas que a “canalha” que
administra esta Prefeitura não presta contas para este Legislativo é uma grande
verdade. Até agora, chegaram à minhas mãos três balancetes desse ano, quando
deveriam ter chagado oito. Mas chegaram três. E, não mandando as contas para
este Legislativo, e o Presidente da Comissão de Finanças não exige as contas da
Prefeitura, o Prefeito faz o que quer, paga o que quer para os Municipários.
Em julho, num pronunciamento aqui desta tribuna, eu dizia
que ele deveria pagar 110% para os servidores municipais, no mínimo. E achava
até que poderia chegar a 130%, já que lei é lei. E quando ele cumpriu a lei
para roubar o dinheiro dos municipários, segundo o entendimento dele, mas
ilegalmente, ele não mostrou as contas, como continua não mostrando as contas.
Mas o que nós recebemos de prestação de contas dele esse ano
mostra que ele gastou com pessoal e tudo, 72 bilhões de cruzeiros. E arrecadou
96, em abril e maio, portanto, sobram 24 bilhões. Em abril e maio ele arrecadou
mais 32 bilhões acima do que estava previsto em orçamento e corrigido em inflação.
Então, são 56 bilhões de cruzeiros. Agora, ele esconde quanto é que ele vai
dar, dizem que apenas a bimestralidade integral. Mas eu continuo achando que
lei é lei, e deve ser respeitada, e que o Prefeito, que está escondendo os
números da sua execução orçamentária, está girando com o dinheiro dos
municipários para fazer política para o Sr. Tarso Fernando, o seu candidato.
Então, eu penso que era chegada a hora da Comissão de
Finanças exigir, porque depois que inventaram o computador não tem por que não
fornecer os dados para os Vereadores, para que se faça uma análise. É chegada a
hora do Vereador Lauro Hagemann exigir os oito balancetes deste ano. Porque a
tal de administração, que se diz transparente, que se diz dos trabalhadores,
trabalha mesmo é para o Tarso Fernando Genro. Pinta os cordões das calçadas
desta Cidade de metro em metro, de cinza e branco, pinta e repinta, e onde
aparecer uma televisão, surge um monte de gente limpando e limpando. É só olhar
sob a Elevada da Conceição um buraco que é uma vergonha, diâmetro: um metro e
meio, profundidade: vinte centímetros. Eles só estão esperando que um
automóvel, de repente, resolva desviar daquele buraco, e bata naquela coluna
imensa, naquele muro de ônibus, e aí eles irão lá tapar. Mas vão tapar com o
asfalto que meia hora depois consegue começar a soltar a brita...
Não. No Governo Dib, tapar os buracos desta Cidade, Ver.
Clovis Ilgenfritz, foi de uma forma que até hoje não foi feita. E tapei, em
1985, 446 mil metros quadrados de buracos. Mas nenhum feito da forma
incompetente, como está sendo feito agora. E, agora, não é o Vereador, não é o
ex-Prefeito, é o Engenheiro João Dib quem está dizendo: de forma incompetente
estão tapando buracos nesta Cidade, alguns como lá na Rua Dr. Timóteo com a Av.
24 de Outubro, que depois de uma dúzia de vezes acertaram. As onze primeiras
vezes, de meia em meia hora, começava a soltar a brita. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. OMAR FERRI (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a
Questão de Ordem, na realidade, é um Pedido de Informações a V. Exª. Eu
gostaria que V. Exª esclarecesse, a este Vereador e ao Plenário, a situação
daquele Requerimento de criação de uma Comissão Especial, que tem por objetivo
o estudo da instalação de um albergue dentro de um Centro Comunitário.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Omar Ferri, a Mesa
tem para informar a V. Exª primeiro, que há possibilidade da instalação, tanto
que não há um número máximo de Comissões Especiais instaladas.
Mas, pelo novo Regimento Interno, a Mesa encaminhou a matéria
à Comissão Permanente que diz respeito ao assunto, objeto do pedido da Comissão
Especial. No que retornar da Comissão, a Mesa defere e comunica a instalação.
Está em andamento na Comissão.
O novo Regimento Interno prevê que para instalação de uma
Comissão Especial, se a matéria do pedido de Comissão integrar um dos objetivos
de uma das Comissões Permanentes, esta Comissão Permanente deve se manifestar.
Fato que ocorreu, só para, historicamente, lembrar, no ano passado, o pedido de
instalação de uma Comissão Especial sobre IPTU, e que a Comissão de Finanças
acabou absorvendo a questão.
O SR. OMAR FERRI: Talvez V. Exª pudesse
informar a este Vereador se encontrar-se no âmbito de uma Comissão Permanente,
se não me engano, é para dar o parecer?
O SR. PRESIDENTE: Sim, a Comissão deve
examinar a matéria, dar o Parecer favorável, votar na Comissão, e retornar à
Mesa para instalação da Comissão Especial, ou o contrário. É interessante ler
para V. Exª o artigo 63, do novo Regimento Interno, que diz o seguinte:
“Compete à Comissão Especial examinar e opinar sobre: § 3°, inciso III - o caso
previsto no inciso III, a Comissão Especial será constituída, mediante
requerimento de Vereador, submetido preliminarmente ao exame da Comissão
Permanente afim com a matéria, se houver, e com o consentimento desta, aprovado
pelo Plenário”.
A Mesa, no decorrer da Sessão, lhe dará mais informações,
Vereador, mas provavelmente esta matéria esteja em exame na Comissão de
Educação da Casa.
O SR. OMAR FERRI: Um segundo pedido a V. Exª,
Sr. Presidente, que o Ver. João Dib reclamou da tribuna, que esta Casa não vem
recebendo - isso é fato público e notório, e todos os Vereadores estão cientes
desses lamentáveis fatos -, esta Casa não vem recebendo até o dia 28, após o
encerramento de cada mês, relatórios de execuções orçamentárias de órgãos da
administração direta e indireta. Igualmente o Poder Executivo deverá encaminhar
à Câmara Municipal, bimestralmente, demonstrativo de caixa dos órgãos da
administração direta e indireta.
Sr. Presidente, como este Vereador reputa de muita
importância o recebimento, para esta Casa, destes documentos orçamentários, e,
por outro lado, uma omissão, lamentavelmente, grave por parte do Executivo
Municipal - e considerando que este Vereador está preparando um parecer sobre o
pedido de suspensão dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito -, esse
Vereador solicita que V. Exª determine aos órgãos competentes da Casa, ao
Plenário, e, especificamente, a esse Vereador, quais foram os relatórios e os
demonstrativos dos fluxos de caixa enviados este ano para essa Casa e no ano
passado também, se é que essa omissão se estende ao ano passado. Parece-me que
no ano passado ocorreu por denúncias do Ver. João Dib. Obrigado, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa defere o
Requerimento de V. Exª, solicita à Diretoria Legislativa, com base nos
apanhados taquigráficos, que o mais breve traga a resposta ao requerido pelo
Ver. Omar Ferri.
Com a palavra, o Ver. José Valdir.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, sobre o
primeiro assunto referido pelo Vereador que me antecedeu, se eu entendi, é a
respeito do albergue para mulher vítima de violência, que está instalado junto
ao CECOBI. Então, eu quero, para efeito de deixar registrado nos Anais desta
Casa, dizer que esse albergue não está localizado dentro de centro comunitário,
está localizado numa área contígua ao centro comunitário que pertence à FESC,
tanto que esteve cedido até o ano passado para o SESC; acho que para o SESC.
O SR. PRESIDENTE: Perfeito Vereador. A
Mesa recolhe a informação de V. Exª e, de qualquer maneira, parece que a
Comissão Especial, requerida pelo Ver. Omar Ferri, virá a esclarecer,
inclusive, este aspecto da questão.
Com a palavra, o Ver. Omar Ferri.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, se V.
Exª me permitir, apenas para que fique registrado após a Questão de Ordem
levantada pelo Ver. José Valdir, que pelo que consta nenhum dos objetivos da
FESC é o de instalar em seus departamentos este centro de atendimento a
mulheres violentadas.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Omar Ferri, não é o
momento para discutir esta questão. Ver. José Valdir eu faço um apelo a V. Exª.
O SR. JOSÉ VALDIR: Eu falei FESC, mas é
SENAI.
O SR. PRESIDENTE: Fica corrigido, então.
Com a palavra, o Ver. Omar Ferri para uma Comunicação de Liderança,
pela ordem. Após, o Ver. Clóvis Brum.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, Senhores
Vereadores, antecedeu-me nesta tribuna o Ver. João Antonio Dib, que falou sobre
as canalhices do Poder Executivo. Realmente, Ver. Dib, vez por outra o único
termo adequado e eficaz é o termo canalhice. Muitas vezes não se pode desviar
ou fugir desse termo.
Vim a esta tribuna falar de canalhice. Canalhice, porque
está sendo distribuído um boletim canalha, um xerox canalha. Feito por gente
canalha. Feito por gente velhaca. Feito por gente leviana. Feito por gente, ou
partido, ou agremiação instrumentada pela Rede Globo. Feito, Ver. João Dib, por
gente velhaca e por gente canalha.
Está aqui, todos sabem quem é a gente velhaca, todos sabem
quem é a gente canalha. Todos sabem quem é o partido velhaco e quem é o partido
canalha. Está aqui, Sr. Presidente, um xerox, de três políticos brasileiros
enjaulados. Um deles é o Presidente da República, outro é o ex-Governador
Quércia, o outro é o Engenheiro Leonel Brizola, ex-Prefeito desta Capital,
ex-Governador do Estado, ex-Deputado Federal e duas vezes Governador do Estado
do Rio de Janeiro. O único brasileiro que passou pelo crivo de trinta e oito
processos nas Auditorias Militares deste País e saiu absolvido de todos eles,
mas a canalha, a velhacaria está espalhando isso.
Por isso que eu venho aqui tranqüilo, hoje, dizer que o Governador Brizola sempre tem razão, velhacos e canalhas são aqueles que se acertam e dialogam, hoje com os corruptos e canalhas deste País. E quem é, Sr. Presidente, o homem mais corrupto desta terra? E qual é a Rede mais canalha e mais corrupta deste País? É a Rede Globo. Se alguém duvidar das minhas palavras que leia dois livros que foram publicados. Um chamado "A História Secreta da Rede Globo" e outro chamado "A Fundação Roberto Marinho", que eu tenho agora em minhas mãos e que às páginas 156 do livro pode ser lido o seguinte parágrafo: "O único denominador comum desses crimes e fator de interligação de corruptos e corruptores chama-se Roberto Marinho" (Vide vol. 2 da Trilogia Global, incide Globo). Não foi por outro motivo que o Engenheiro Leonel Brizola escreveu um artigo nos jornais do Rio de Janeiro, republicado em jornais de todo o País, onde a certa altura diz: "é por isso que o PT não se levantou contra o saque escandaloso de trinta e oito milhões feito pela Rede Globo na Caixa Econômica Federal em condições inacreditavelmente favorecidas". Será está a razão do comportamento dócil e pusilânime dos petistas na CPI que investiga a doação da NEC ao Sr. Roberto Marinho, pelos favores de Antônio Carlos Magalhães e Sarney, ou não passará de oportunismo eleitoral para consolidar o apoio que a Globo vem dando, inegavelmente, à candidatura do PT no Rio de Janeiro? Tudo é deprimente, indigno e abjeto.
Para concluir, mais um tópico publicado na Folha de São
Paulo, Sr. Presidente, que divulgou pesquisas não verdadeiras sobre as
eleições municipais no Rio de Janeiro. Felizmente foi desmentida logo por
outras agências. Para a Globo, porém, isso bastou parar passar a semana
tentando inflar a candidata do PT. Pensa que assim vai fazer a cabeça dos
incautos que não percebem que o PT é hoje a esquerda que a direita gosta. Viva,
portanto, a canalhada. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Com a palavra, o nobre
Líder do PTB, Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Senhoras e Senhores aqui presentes neste Plenário da Câmara
Municipal. Eu acabo de assinar um Pedido de Providências pedindo instalação
urgente, em lugar tecnicamente recomendável, de albergues para mulheres vítimas
da violência. Esse Pedido de Providências, que nós acabamos de assinar, eu
acredito que ele coloca as coisas nos seus devidos lugares, porque há algum
tempo atrás - eu acredito que há duas semanas - nós tínhamos vindo a esta
tribuna e falávamos da pretensão da Administração Popular em instalar na Sede
do CECOBI, exatamente este albergue, dando uma destinação absoluta contrária
àquelas instalações, e nós fazíamos questão de registrar o seguinte: nós nunca
fomos contrários a que um albergue, pudesse ser instalado, onde a mulher,
vítima de violência, pudesse ser acolhida. Nenhum setor da sociedade
desconhece... Os homens também, diz o meu amigo Ervino Besson. Vereador Ervino
Besson, eu sei que V. Exª está fazendo uma brincadeira, mas se V. Exª prestar
atenção ao problema social que existe entre as famílias, da violência que é
praticada contra a mulher, hoje em dia, V. Exª vai notar que é preciso tomar
uma atitude a fim de fazer com que estas mulheres possam receber uma maior
proteção. Eu acho que ninguém tem dúvida disso. A única coisa que esta Casa
contesta, e não é a primeira vez, é o local onde este albergue está sendo
construído, a destinação daquelas obras para o albergue.
Eu acredito que a nossa população tem uma deficiência muito
grande de um local para poder se descontrair, de um local para se divertir, de
um local onde possa se concentrar, de um local que realmente possa servir para
verdadeiro lazer das comunidades. Porque ninguém desconhece que a nossa
comunidade, em quase todos os seus setores, vive bastante oprimida. Até pela
questão social, pela questão econômica, por várias questões que fazem com que,
no dia-a-dia, as pessoas realmente precisem ter uma válvula de escape. E um
Centro Comunitário, como é o caso do CECOBI, serve de válvula de escape. É por
isso que precisamos fazer alguma coisa no sentido de abrigar a mulher vítima da
violência.
Sabendo que precisamos fazer alguma coisa no sentido de
proteger a mulher vítima da violência, nós assinamos este Pedido de
Providências que tem exatamente este objetivo: mostrar que a Câmara - porque
este Pedido de Providências não foi assinado apenas por esta Liderança, todos
os outros Líderes também assinaram este Pedido de Providências - mostrar que a
Câmara não é contrária à construção deste albergue. A Câmara não fecha os olhos
ao problema da mulher vítima da violência. A Câmara está querendo também,
juntamente com o Executivo, resolver este problema. Só que a Câmara não quer resolver
esse problema e criar outros problemas para a comunidade. A Câmara quer
resolver esse problema e deixar que aqueles outros problemas que já foram
resolvidos continuem resolvidos. Por que nós fazermos albergue lá? Tirarmos um
local aonde a comunidade utiliza, ou pode utilizar? E simplesmente fazermos com
que a comunidade precise de outros lugares, construir outros lugares, ter
outros pólos onde ela possa, realmente, se descontrair... Eu acredito que esse
Pedido de Providências reponha as coisas nos seus devidos lugares. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em Comunicação de
Liderança, pelo PT, o Ver. José Valdir.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o desespero está batendo e alguns Vereadores se utilizam de todos
os expedientes para, quem sabe, conseguir algum espaço na imprensa. Os
Vereadores vêm aqui dizer que o albergue que está sendo instalado ao lado do
CECOBI - num local da FESC, é verdade, mas não do CECOBI -, que vai tirar o
espaço do CECOBI. Nunca foram lá para ver como eu fui. Não é verdade, tanto que
este prédio que estava cedido, até o ano passado, para atividades do SENAI. Eu
estive lá e presenciei. Estava cedido para o SENAI, portanto não utilizado para
as finalidades do Centro Comunitário. Eu estive lá em várias reuniões. O que
está em discussão, aqui, é o preconceito.
O SR. PRESIDENTE: Nós vamos pedir para que
a platéia não se manifeste.
O SR. JOSÉ VALDIR: É o mesmo preconceito
que fez com que um grupo quis impedir a instalação de uma escola para
excepcionais num determinado local desta Cidade, do Governo de V. Exª. É o
mesmo preconceito, é o preconceito contra as classes populares. É o preconceito
de alguém que é das classes populares e que se julga mais importante, porque
acha que a instalação de um albergue vai só atender mulher vítima de violência
da classe operária, das vilas populares, quando na verdade nós sabemos que,
infelizmente, esse problema da violência contra a mulher existe em todas as
classes sociais, e que esse problema nós vamos ter que equacionar, Ver. Luiz
Braz. Se a gente não instalar o albergue ali, nós vamos ter de instalar em
outro local, e se nós enfrentarmos o mesmo tipo de preconceito, nós vamos fazer
o quê? Nós temos que enfrentar o preconceito, discutir, nós não podemos nos
dobrar aqui, na Câmara, nós não podemos desdobrar o senso comum do argumento
fácil, nesse argumento preconceituoso, que é o que está por trás dessa
discussão.
O Ver. Omar Ferri também vem aqui nesta tribuna, primeiro
mostrou um cartaz onde estava atrás de uma grade o Presidente Collor, o
Governador Leonel Brizola e o Governador Orestes Quércia, e disse que um
determinado partido havia feito esta divulgação, não disse qual o Partido e
depois passou a atacar o PT. A ilação que ele quis estabelecer é muito clara,
agora que tem um laboratório de baixarias nessas eleições, a gente sabe quem é,
inclusive, teve de mudar seus programas, porque a baixaria era tanta, que
estava se voltando contra os autores da baixaria. Era para atingir o PT, a
“IPTUzada”, como o homem que só aparecia com um lado da cara, e chega a babar
de raiva, e tiveram de tirar fora do programa, porque ao invés de ganhar votos,
estava perdendo votos. Devem ser, Ver. Omar Ferri, os mesmos que, quando a
gente coloca uma pichação na Cidade, ao invés de colocar uma pichação ao lado
em protesto àquela, vão lá e estragam as nossas pichações. Um foi pego na
calada da noite - tem queixa registrada na polícia -, que era um Assessor do
Palácio Piratini, Ver. Omar Ferri, e um era membro da Direção da Juventude
Socialista do PDT. Foram presos, saiu nos jornais, e está registrada a queixa
na polícia de que estavam pichando em cima das nossas pichações. Está aí toda a
Cidade de prova. Isso sim, Ver. Omar Ferri, é canalhice.
Só que tem uma diferença: eu chego aqui e digo e provo quem
está fazendo. Estão aí as nossas pichações para mostrar muito bem que esse
trabalho safado de destruir a divulgação de outros partidos está registrado na
Delegacia. Agora, V. Exª vem aqui e faz uma série de insinuações. V. Exª,
agora, é do PDT, mas V. Exª passou por três ou quatro partidos, então, não pode
sequer referir a consciência dos outros, porque V. Exª não tem consciência,
porque já passou por vários partidos. Se descarta de partidos como alguém se
descarta de camisa.
O Sr. Omar Ferri: Só não estive no PT.
O SR. JOSÉ VALDIR: Porque o PT não aceitou
V. Exª. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, em tempo
de Liderança, o Ver. Clóvis Brum, pelo PMDB.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Eu sempre soube que uma administração voltada para o bem da
comunidade buscaria, a qualquer preço, a instalação de uma escola e o
fechamento de um presídio. Se fecharia um presídio e se abriria uma escola.
Esta é a marca do desenvolvimento dos grandes países. Parece-me, Ver. José
Valdir, que o PT está na contramão da História e dessa realidade. Até o ano
passado, Prof. José Valdir - homem dedicado ao ensino, eleito pelo magistério
-, lá, na CECOBI, aquelas dependências onde se pretende instalar um albergue, é
da FESC; o CECOBI é da FESC, não é de nenhum morador, é administrado pela FESC,
ainda que, Ver. João Dib, alguns administradores de centros comunitários tenham
sido importados de São Paulo para cá, do PT de São Paulo para cá, para vergonha
nossa. Como se o PT não tivesse quadros para administrar a FESC. Muito bem!
Fecharam, Ver. Luiz Braz, fecharam uma escola, Ver. José Valdir! V. Exª não
sabe que lá funcionava o Centro Infantil? Então o Ver. José Valdir está
desatualizado. Não sabe o Ver. José Valdir que lá funcionava uma escola de
pré-educação? Isso é desespero, Vereador. Agora, instalar ali no Centro
Comunitário, junto às piscinas, junto às atividades culturais, junto às
atividades sociais e recreativas, é uma vergonha! E costumo dizer que mais
surdo é aquele que ouve e não quer ouvir. Esse é o maior surdo. E têm sido
elementos do PT do nível do Ver. João Verle que têm se portado com heresia, com
grosseria, com má-educação, vá para sua casa se não quiser ouvir a voz de um
parlamentar, Ver. João Verle. Assim foi também na sua gestão na Secretaria da
Fazenda, tapando os ouvidos para os clamores do que reclamavam contra o IPTU.
Senhor Presidente, nós estamos encaminhando, os Vereadores
estão encaminhando já subscrito pela Liderança do PDT, PDS, PTB, um Pedido de
Providências ao Prefeito para que instale urgentemente albergue para mulheres
vítimas da violência em local tecnicamente recomendável. E com relação aos
filhos de eventuais albergadas que se estabeleça com a maior urgência um debate
com as autoridades competentes: Ministério Público, Juizado de Menores,
Conselhos Municipais e Estaduais da Criança e do Adolescente, para evitar a
violência que se praticou com os Conselhos Tutelares. Para evitar essa bagunça,
para evitar essa loucura, nós estamos fazendo esse Pedido de Providências. Não
se pode instalar um albergue de mulheres vítimas da violência, que se
transforma, Delegado e Vereador Cyro Martini, num local de risco, e só não vê
isso quem não trata do assunto e não conhece... Eu, como advogado, conheço o
assunto, é um local de risco.
Então, Sr. Presidente, não podemos fechar uma escola para
abrir um albergue. A desculpa do PT, no encaminhamento da questão, é que há uma
discriminação. Não. O Bairro Bom Jesus, ao lado do albergue que já existe lá,
pode instalar imediatamente o albergue para mulheres vítimas de violência. E
eu, como morador do Bairro Bom Jesus, estarei orgulhoso de estar contribuindo.
Mas não se pode, Ver. José Valdir, pegar uma instituição tradicional, no desempenho
social, cultural, recreativo e educacional, como é o CECOBI, e transformá-la
num albergue para mulheres. Não se pode fazer isso. Vamos instalar num local
adequado. Agora, não se pode fechar escolas para se implantar presídios. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa apregoa os
seguintes Requerimentos solicitando renovação de votação: do Vereador Antonio
Hohlfeldt, com relação ao Projeto de Lei do Legislativo n° 087/92 (Processo n°
1116/92) e do Vereador Vicente Dutra, com relação ao Projeto de Lei
Complementar n° 058/91 (Processo n° 3101/91).
A seguir, passa-se à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
2ª SESSÃO
PROC. Nº 1898/92 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO
N° 152/92, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que denomina Rua
Clemente Argollo Mendes um logradouro público localizado na Vila Parque União,
no Bairro Teresópolis.
3ª SESSÃO
PROC. Nº 1651/92 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO
N° 135/92, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que dispõe sobre a
publicação oficial da relação de compras, bem como de obras e serviços
contratados pelos órgãos da Administração Pública direta, indireta ou funcional
do Executivo e Legislativo Municipais.
PROC. Nº 1897/92 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO
N° 151/92, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que denomina Rua
Marques Rebêlo um logradouro público localizado no Loteamento Vila Safira.
PROC. Nº 1900/92 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO
N° 153/92, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que denomina Rua David da
Costa Magueta o logradouro público conhecido como Rua Monte Castelo, localizado
no Bairro Vila Nova.
PROC. Nº 1604/92 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N°
041/92, que
altera as denominações da Fundação de Educação Social e Comunitária - FESC e da
SMSSS e dá outras providências.
PROC. Nº 1594/92 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO
N° 128/92, de autoria do Ver. Clóvis Brum, que revoga a Lei n° 6988,
de 03 de janeiro de 1992, e dá outras providências. (Funcionamento do comércio
aos domingos.)
PROC. Nº 1890/92 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N°
053/92, que
autoriza o Município a celebrar Convênio com o Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária - INCRA e dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE: Não há oradores
inscritos em Pauta.
Visualmente percebo que não há "quorum" para
prosseguirmos a Sessão.
(Levanta-se
a Sessão às 10h03min.)
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